Na última quinta-feira, 9 de novembro, o Longa “Vazante” teve estréia nos cinemas de todo país. A trama, escrita por Daniela Thomas (com Beto Amaral) e dirigida sozinha por ela, aborda o período escravocrata com personagens instalados na região do Serro no ano de 1820.
Eram várias as questões que “comoviam muito” a cineasta na história de Vazante: “O encontro de diásporas, num lugar onde antigos escravos eram substituídos por novos escravos, que chegavam sem saber para onde haviam sido levados; uma criança vendida e largada pela família; a ideia desse destino inescapável e a incapacidade de sequer verbalizar para si próprio ou para as pessoas com quem você convive e ama o que está sentindo”, cita Daniela, em entrevista a um noticiário do Estado.
A diretora sentiu-se tocada pelas circunstâncias desses personagens da região Serrana, mas não quis passar a ideia de dar ou não protagonismo a uns e outros. Ela optou por uma escrita cinematográfica que evita conduzir as emoções do espectador.
“Fiz um filme muito seco em sua estrutura dramática e na decupagem. Não tem trilha sonora. Nenhuma cena é manipulada para que você sinta isso, aquilo ou aquilo outro. Todo som que está ali é o som que esteve ali naquele momento. Toda a música é diegética (faz parte da ação). Não há um travelling mostrando a beleza daquela paisagem”, enumera a diretora.
Trama
Aos 12 anos, Beatriz (Luana Nastas) é entregue pelos pais para ser a nova mulher do tropeiro português Antonio (Adriano Carvalho), que se tornara viúvo a caminho dos 50. O garoto Virgílio (Vinicius dos Anjos) vive na senzala da fazenda de Antonio, de onde vê sua mãe, Feliciana (Jai Baptista), ser requisitada à casa grande para a satisfação sexual do senhor de escravos. Beatriz e Virgílio se encontram na área de plantio de milho da fazenda. Ele está trabalhando na colheita. Ela, tentando espantar a solidão. Atraem-se pelo que têm em comum, e não pelas circunstâncias que os separam.
Por Estado de Minas/Edição Folha