Líquidos inflamáveis, calor e eletricidade são as principais causas de
lesões graves que dão entrada no Hospital João XXIII, referência nacional
nesse tipo de atendimento
Instituída com o objetivo de alertar sobre os cuidados necessários para
evitar acidentes com fogo e outros agentes que causam ferimentos, a
campanha Junho Laranja tem como foco neste ano ampliar a discussão
sobre os cuidados a serem tomados em situações rotineiras, como cozinhar,
acender churrasqueira, usar álcool em casa e passar roupas.
Somente em 2021, 1.591 pessoas deram entrada no Hospital João XXIII
vítimas de queimaduras. Em 2022, de janeiro a maio, já foram registrados
668 casos, sendo líquido quente a principal causa de queimaduras mais
leves e os inflamáveis o principal motivo de queimaduras graves.
Em 2021, 64% dos pacientes atendidos no Centro de Terapia Intensiva
(CTI) da Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ) do João XXIII
eram homens e 35% mulheres. Os agentes inflamáveis - como álcool,
gasolina, querosene, diesel e acetonas, foram a causa de 50% desses
acidentes (34% deles causados por álcool). Na sequência, 27% das
queimaduras foram provocadas pelo calor (chama e contato com
superfícies quentes) e 10,5% por eletricidade, seguidos por outros casos
menos frequentes causados por agentes gasosos (vapor), químicos e
líquidos quentes.
De acordo com a coordenadora do Centro de Tratamento de Queimados
(CTQ) e da cirurgia plástica do Complexo Hospitalar de Urgência e
Emergência da Fhemig (hospitais João XXIII, Infantil João Paulo II e
Maria Amélia Lins), Kelly Danielle de Araújo, a média de internação dos
pacientes vítimas de queimaduras é de 17 dias na enfermaria e 27 no CTI,
podendo, em alguns casos, chegar a meses, dependendo da gravidade.
O perigo do álcool líquido
Segundo a coordenadora do CTQ, de 2020 para 2021 houve aumento de
41% no número de pacientes no CTI do João XXIII e de 12% no número
de pacientes na enfermaria, com queimaduras graves causadas por álcool
líquido. “Com a facilidade de acesso ao álcool líquido, devido à liberação
durante a pandemia, notamos um aumento significativo nos acidentes
envolvendo esse tipo de produto”, afirma Kelly Araújo.
O que fazer em caso de queimadura
Coloque o local queimado sob água corrente de temperatura ambiente
durante 20 minutos para parar o processo de queimadura da pele, aliviar a
dor e limpar a ferida. Em seguida, envolva a área com um pano limpo e
procure atendimento médico imediatamente.
A coordenadora do CTQ reforça, ainda, a importância de não passar
nenhum produto no local ferido. “Nada de pomadas, borra de café, pasta de
dente ou outras soluções caseiras. É importante que o local esteja limpo na
hora que chegar ao pronto-socorro. Caso contrário, precisaremos limpar
para avaliar a lesão e vai doer ainda mais”, explica a cirurgiã Kelly Araújo.
Por Agência Minas/Edição Folha
Foto: Reprodução Internet