Disfunção atinge principalmente crianças com idade entre 3 e 6 anos, mas pode afetar adultos
Choro, birra e gritos costumam ser sinais de irritação ou necessidade de atenção nas crianças. Nos bebês com idade entre 7 e oito meses, também podem indicar o medo ou incômodo de ficar longe da mãe.
É nessa fase que eles começam a ter consciência de sua existência como indivíduos, mas ainda se sentem inseguros em se separar das progenitoras. Os sintomas, porém, podem persistir ao longo da vida e, quando aparecem em crianças maiores, podem indicar transtorno da ansiedade da separação, um distúrbio que, com tratamento adequado, tem cura.
Essa desordem pode atingir pessoas de qualquer idade, contudo é mais comum em crianças com idade entre 3 e 6 anos, principalmente quando iniciam a vida escolar. Em muitos casos, é a primeira separação por um período de tempo maior entre a criança e a mãe ou outro membro da família.
A principal característica do transtorno, segundo os especialistas, é o medo excessivo e intenso de perder alguém muito próximo – pais, avós ou outros familiares –, que leva a um sofrimento significativo e a prejuízos importantes nas relações sociais, influenciando no rendimento escolar e na dinâmica familiar.
De acordo com a psicóloga Aline Abreu e Andrade, doutoranda em psicologia do desenvolvimento pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), esse tipo de ansiedade pode surgir em 4% das crianças e 1% dos adultos. “É mais comum o diagnóstico em crianças porque elas têm uma predisposição maior a isso, podendo atingir meninos ou meninas, sem distinção”, diz. Ela completa que adultos também podem sofrer do distúrbio.
O tempo de manifestação dos sintomas varia conforme a faixa etária. As dificuldades aparecem a partir de quatro semanas depois do episódio que desencadeia o transtorno. Nos adultos, esse tempo sobe para seis meses.
Cenário. Na população adulta, o transtorno pode apresentar-se como atitudes de exagero no zelo. “Um bom exemplo é quando o marido não consegue ficar muito tempo longe da mulher e a cerca de cuidados que são visivelmente excessivos. Com as crianças, já podemos ver melhor essas características no início da vida escolar, quando elas não conseguem se separar dos pais e, por conta disso, não interagem com os coleguinhas, não participam das brincadeiras e se isolam dentro da escola”, explica Aline.
O tratamento é feito com a terapia cognitivo-comportamental, que oferece técnicas gradativas para ajudar o paciente a enfrentar as situações que geram a ansiedade. Começa com a psicoeducação: a pessoa entende o que se passa com ela; em seguida, identifica pensamentos e emoções que ajudam e as que dificultam; por fim, o processo para que ela consiga enfrentar, aos poucos, as situações que facilitam o surgimento da ansiedade.
Sintomas. Dependendo do grau do transtorno apresentado pelas pessoas, os sintomas podem ser refletidos no corpo. Palpitações, sudorese e náuseas podem ser comuns nesses casos.
Foto: Reprodução Internet