Em Guanhães, na Serra do Candonga, vivem seis famílias da etnia Pataxó
Oficialmente, o Dia do Índio, celebrado no Brasil em 19 de abril, foi criado pelo presidente Getúlio Vargas, através do decreto-lei 5540 de 1943.
Hoje vivem nas terras brasileiras, segundo o Censo 2010 (site FUNAI), cerca de 896 mil índios.
Importância da data
Neste dia do ano ocorrem vários eventos dedicados à valorização da cultura indígena. Mas o importante mesmo, deve ser a reflexão sobre a importância da preservação dos povos indígenas, da manutenção de suas terras e respeito às suas manifestações culturais.
E, acima de tudo, a lembrança que os índios já habitavam nosso país quando os portugueses aqui chegaram em 1500. E que não são eles os invasores, mas sim os “brancos”, que tomaram conta de suas casas e de suas terras e continuam fazendo isso até os dias de hoje.
E, por tudo isso, é que temos visto, desde então, o desrespeito e a diminuição das populações indígenas, dia após dia.
Minas Gerais
População quase em extinção no Estado, atualmente, segundo a FUNAI, existem cerca de 15.541 indígenas em Minas que, atualmente, encontram-se reduzidos em 17 etnias: Xacriabá, Pataxó, Maxacali, Krenak, Xucuru-Kariri, Kaxixó, Pankararu, Mocuriñ, Aranã, Aranã Caboclo, Tuxá, Canoeiros, Araxás, Guarani, Terena, Tembé e Pataxó Hã Hã Hãe, além de cerca de 7.000 índios de etnias diversas, ou seja, temos no total, cerca de 22.541 indígenas nas terras mineiras.
Esses grupos, que ainda sobrevivem em algumas reservas, continuam a praticar seus cultos e atividades primitivas e ainda preservam seus costumes.
Guanhães e região
Atualmente, alguns indígenas da etnia Pataxó se encontram presentes em nossa região, nas cidades de Guanhães (Parque Estadual da Serra do Candonga), Carmésia (Fazenda Guarani) e Açucena (Fazenda Brejaúb), no Parque Estadual do Rio Corrente.
Em Carmésia, localiza-se a reserva indígena Guarani que está localizada a aproximadamente 7 km da cidade, numa área de 3 279 hectares onde vivem cerca de 280 indígenas da etnia Pataxó, distribuídos em três tribos.
Em 1972, o Estado doou parte do território de Carmésia para FUNAI, para abrigar tais índios, expulsos de suas terras em Porto Seguro na Bahia. Esta terra pertencia ao Coronel Magalhães e era a maior colônia agrícola da região. Por ocasião da sua morte, como não deixou herdeiros, a colônia foi doada ao Estado que a repassou para administração dos militares e hoje é denominada “Terra Indígena Guarani”.
Em Guanhães, no Parque Estadual da Serra do Candonga, vivem seis famílias de índios, também da etnia Pataxó, que permanecem vivendo da agricultura, pecuária e produzem um rico artesanato.
O Parque Estadual fica em área de domínio da Mata Atlântica e tem 3.302 hectares, está situada a 13 km de Guanhães, no sentido da Barreira, também é conhecida pelo valor histórico, herança do tempo em que a extração do ouro movimentava a então São Miguel e Almas, no início do século XIX. E lá vivem alguns Pataxó, filhos da água e guerreiros, símbolo de resistência a mais de 510 anos.
Sobre os Pataxó
O representante político pataxó é o cacique, a ele compete lidar com o grupo nas decisões e iniciativas comunitárias, além de ser o intermediário entre o povo e órgãos governamentais, públicos e sociedade nacional.
O vice cacique é o responsável pela comunidade na ausência do cacique, que pela posição de confiança perante a comunidade também tem influência nas decisões. Eles são escolhidos de maneira democrática pela comunidade e por tempo indeterminado.
Artesanato
O artesanato é uma das maneiras do povo pataxó manter viva a cultura, é no artesanato que criam o que foi aprendido com os antepassados. Cada artesanato tem um significado e um jeito para ser usado. São confeccionados utensílios domésticos, lanças, arcos e flechas, além de adornos como brincos, colares e pulseiras.
O artesanato além de ser um motivador da preservação da cultura, é também, uma fonte de renda complementar para a comunidade.
Pintura
A pintura pataxó é representada pela história e utilizada para proteção, além de ser considerada por eles, um patrimônio. Ela é usada para rituais, casamentos, apresentações de danças. Para fazer as pinturas é usado o urucum (vermelho) e o jenipapo (preto) todos extraídos da natureza.
Cada pintura possui um significado e diversidades de tamanhos, as pinturas femininas e masculinas são diferenciadas, bem como as de solteiro e casado, pinta-se o rosto, braços, pernas, tórax (homens), barriga (mulheres) e costa.
Rituais
Festas das Águas
É o ritual realizado para comemorar a chegada das chuvas, aprendido com os antepassados que, quando faziam o plantio de roças e chovia era nossos protetores abençoando a colheita. É um momento em que agradecemos ao nosso protetor das águas Txopai e a Deus (Niamissu) pela fartura dos alimentos. Esse ritual é realizado entre os dias 05 e 12 de outubro de cada ano.
Por Folha
Fotos: Diário do Aço e internet