Em Guanhães nenhum novo caso é registrado há cinco anos
O verão é a estação dos programas ao ar livre, de férias escolares, das viagens com as crianças para a praia e de menor rigor com os hábitos alimentares.
No entanto, é preciso tomar alguns cuidados para evitar que a diversão termine antes do tempo. O maior contato com o meio ambiente, a frequente aglomeração de pessoas e a precariedade na conservação da água e dos alimentos são fatores de risco para contrair a hepatite A.
Hepatite A é uma inflamação do fígado causada por um vírus, que geralmente tem um curso benigno, evoluindo para a cura espontânea em mais de 90% dos casos.
De acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura de Guanhães, não existe registro de nenhum caso na cidade a pelo menos cinco anos. A vacina contra a doença está disponível nos postos de saúde do município desde julho de 2014, para crianças menores de 12 anos, e de julho de 2014 até essa quarta-feira (21), foram vacinadas um total de 328 crianças na cidade.
Segundo o Ministério da Saúde, foram diagnosticados mais de 138 mil casos de hepatite A no Brasil entre 2000 e 2011. No mundo, são registrados 1,4 milhão de novos casos da doença todos os anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O vírus está por trás de hábitos típicos da estação, como mergulhar no mar ou saborear uma bebida com gelo, além do consumo de frutos do mar, vegetais ou frutas cruas, ingestão de água de fonte desconhecida ou contaminada e alimentos manipulados por indivíduos infectados com o vírus VHA.
Os surtos podem ser provocados, ainda, pela ingestão de alimentos e água – doce ou salgada – contaminados e viagens para áreas endêmicas. Quem explica é a infectologista e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Glaucia Queiroz Andrade.
“O contágio acontece via fecal-oral e é mais comum em crianças com até 5 anos. Nesta idade, a transmissão é fácil devido ao não controle das fezes, falta de higiene adequada e comportamento predominantemente oral, isto é, tudo é levado à boca”, analisa a especialista.
Quando sintomática, o quadro se inicia com desânimo; febre baixa; dores musculares e abdominais; especialmente na área próxima ao fígado; perda de apetite; náuseas e vômitos; e o quadro pode evoluir, causando icterícia (amarelamento de pele e olhos) e colúria (urina escura), aumento do fígado (80% dos casos) e do baço (20%) e convalescência.
Os sinais e sintomas da hepatite A geralmente aparecem 2 a 4 semanas após a infecção pelo vírus, que é o período de incubação e, geralmente, a doença dura menos de dois meses e pode perdurar até seis meses. Raramente pode apresentar uma forma grave, chamada fulminante, que pode levar a óbito rapidamente.
Entre as medidas preventivas, pode-se destacar a melhoria das condições sanitárias e de higiene das pessoas e imunização por meio de vacinas em indivíduos que ainda não tiveram contato com o vírus.
“As vacinas podem ser aplicadas a partir de um ano de vida, por via intramuscular. São utilizadas duas doses com intervalo de 6 a 12 meses entre elas. É eficaz e segura, com poucos e discretos efeitos adversos”, garante a infectologista. A proteção da vacina dura pelo menos 5 a 10 anos, podendo durar até 20 anos.
A professora ressalta que não existe, até o momento, nenhuma terapêutica específica para a Hepatite A. Repouso e alimentação de acordo com a necessidade e o apetite do paciente, além de evitar medicamentos desnecessários, ajudam. “A maioria dos pacientes evolui bem com resolução espontânea do quadro, mas quando o caso é grave é necessário internação”, orienta a especialista.
Por Folha com Agências e ASCOM Guanhães
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