O contrato de administração da rodoviária da capital por parte da Prefeitura de Belo Horizonte termina hoje. Agora, o terminal, que recebe cerca de 40 mil pessoas por dia, irá retornar para as mãos do dono do terreno: o Estado. O novo gestor assume com uma série de problemas para solucionar, como goteiras, falta de segurança e iluminação precária.
O governo de Minas irá reassumir a rodoviária até o fim de janeiro. Nos bastidores, a informação é que a mudança da gestão se trata de uma briga política entre o prefeito Marcio Lacerda (PSB) e o governador Fernando Pimentel (PT), conforme adiantou o Aparte, no último dia 22.
Oficialmente, município e Estado sustentam o discurso de que a mudança se trata meramente de uma questão contratual. Um convênio assinado em 2008 previa a transferência da rodoviária para a prefeitura por cinco anos. O prazo para entrega vem sendo prorrogado desde 2013 sem que o Estado tivesse tido, até então, o interesse em reaver a administração.
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Entre os usuários e os lojistas do local, os desafios da nova chefia estão na ponta da língua. “A escada rolante parou de funcionar em 1982 e, desde então, está parada. Desde que nasci essa rodoviária é do mesmo jeito: ruim”, critica o gerente de uma loja de variedades no local, Rafael Lara Melo, 30. Ele também aponta outras deficiências, como a iluminação e a limpeza. “É escura e esse piso preto dá essa impressão de sujeira, deixa o ambiente mórbido. Clientes meus que vieram aqui pela primeira vez disseram que essa é a pior rodoviária do país. E eu não duvido”, diz o comerciante.
O vendedor Magno Haroldo Adelino, 65, que trabalha em uma loja no terminal, reclama do número de pedintes e da falta de sinalização. “Quem nunca veio aqui fica perdido. Não tem um balcão de informações sobre o terminal. Nem o banheiro é sinalizado, você precisa entrar na lanchonete para ver a placa indicando os sanitários”, pontua.
A funcionária de uma sorveteria localizada no piso superior, Lucélia Silva, 34, endossa o coro e acrescenta a falta de segurança. “A maioria das lojas fecha de noite e fica mais perigoso ainda para o passageiro. As polícias quase sempre estão fechadas”, afirma, referindo-se à delegacia de Polícia Civil e à unidade da Polícia Militar (PM) localizadas no terminal. Goteiras também são comuns em dias de chuva, segundo ela. Lucélia conta que pensou até em usar um guarda-chuva dentro da sorveteria quando chove muito.
Outro lado. Ontem, a reportagem esteve na rodoviária e encontrou o posto da PM fechado. Procurada, a assessoria de imprensa da corporação não havia respondido a demanda até o fechamento desta edição.
A Guarda Municipal informou que trabalha 24 horas por dia no local, sendo 12 guardas durante o dia e oito à noite. Neste recesso de fim de ano, houve um reforço de outros 12 agentes. Além disso, o terminal conta com segurança privada feita por cinco homens por turno de 12 horas durante todo o dia.
Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, o posto da corporação na rodoviária funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, para trabalho de investigação.
Situação de lojistas terá que ser revista
O plano do Estado é transferir para a rodoviária as linhas do Move Metropolitano depois que o novo terminal – que começa a ser construído neste mês, no bairro São Gabriel, na região Nordeste da capital – for entregue.
Segundo o secretário da regional Centro-Sul, Marcelo de Souza e Silva, a princípio, os serviços que são prestados hoje serão mantidos, e a mudança administrativa não será imediata, já que este processo tem até implicações jurídicas. “É preciso encerrar contratos com funcionários e com lojistas para fazer novos com o Estado. Tem o controle das linhas. São muitos detalhes”, diz.
Silva pediu ao Estado que fosse formada uma comissão de transição para cuidar da mudanças, mas, segundo ele, não houve retorno ainda.
Por O Tempo