A queda nas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar, características do outono – estação que começou hoje – e também do inverno, são responsáveis diretas pelo aumento significativo de alergias e doenças das vias respiratórias e pela redução da imunidade da população.
“Nesta época, a chuva, que ‘lava’ a poluição e a poeira, cessa e, com isso, os componentes da exaustão dos automóveis, como o enxofre e o nitrogênio, acumulam-se, provocando a irritação das vias aéreas”, explica o pneumologista José Jardim, professor da Escola de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Além dos poluentes, o ar muito seco irá prejudicar ainda mais a respiração, já que os cílios presentes no nariz e no aparelho respiratório – que impedem a passagem de partículas estranhas às vias – têm maior dificuldade em executar o trabalho.
“Isso pode desencadear um processo inflamatório da laringe e da faringe, causando tosse seca e até com muco”, descreve o médico, que informa que o aumento das infecções por vírus da gripe acontece porque as pessoas fecham as casas devido ao frio, impedindo a circulação do ar. “Assim, se alguém tiver ‘carregando’ o vírus, vai haver a transmissão”.
A vacinação é apontada pelos pneumologistas como essencial para evitar infecções das vias respiratórias; as imunizações contra a gripe e a pneumonia são as principais para prevenir o problema
Frágeis
Crianças e idosos, nas duas estações mais frias do ano, são mais suscetíveis às infecções. Meninos e meninas de até 2 anos têm imunidade ainda em construção e não conseguem combater vírus e bactérias como os adultos. Já os mais velhos, com a atividade diária reduzida e habituados a ficar em casa, também ficam mais propícios às doenças.
Além disso, no período outono-inverno, o índice de doenças respiratórias cresce em 40%, de acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).
“Quem já tem alguma doença respiratória crônica, como asma e principalmente a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), apresenta uma tendência muito maior em ter crises nessa época do ano”, observa o pneumologista José Jardim.
Por Hoje em Dia/Edição Folha