Representantes da mineradora Samarco, cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP, admitiram nessa terça-feira (17) que há risco de rompimento nas barragens de Santarém e Germano – que ficam perto da que se rompeu no dia 5 de novembro, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais.
“Tem o risco e nós, para aumentar o fator de segurança e reduzirmos o risco, nós estamos fazendo as ações emergenciais necessárias”, declarou o gerente-geral de projetos estruturais da Samarco, Germano Lopes.
Segundo Kleber Terra, diretor de operações e infraestrutura da Samarco, estão sendo feitas obras emergenciais nas duas barragens. Ele explica que blocos de rocha estão sendo colocados de cima para baixo, para reforçar a estrutura. Este procedimento deve durar cerca de 45 dias na barragem de Germano. Na de Santarém, as obras têm um prazo de 90 dias.
O maciço da barragem de Santarém – que é o corpo principal – está preservado, segundo a mineradora. Porém, há danos na crista – o ponto mais alto – e em parte da estrutura do vertedouro, estrutura que permite a saída de água.
“A barragem de Santarém está com volume de 5,5 a 6 milhões de m³ retidos nela de sedimentos. A barragem de Fundão, para a gente comparar, ela estava com 55 milhões de m³. A gente está falando de uma escala 10 vezes menor”, disse Terra.
De acordo com Terra, dos 55 milhões de m³ de rejeitos de Fundão, cerca de 40 milhões desceram no rompimento, a outra parte ficou retida no vale.
No último dia 7, a Samarco informou que a barragem de Germano, que seria a maior das três, está exaurida, mas não divulgou o volume atual e a capacidade da estrutura.
“A gente não percebeu ainda, pelo monitoramento, nenhuma movimentação dessas barragens até o atual momento posterior à descida de Fundão e esse monitoramento é contínuo”, afirmou o diretor de operações e infraestrutura.
Kleber Terra pontuou que a Samarco planeja, na área das barragens, construção de diques à frente de Santarém para conter os rejeitos. Ele afirma que a mineradora também vai utilizar floculantes, como deve ocorrer no Rio Doce. Ele ainda disse que os sedimentos serão retirados por meio de equipamentos chamados dragas e colocados em “ecobags”, um tipo de tecido que funciona como filtro, por meio do qual o sólido é retido.
Danos na barragem de Santarém
Nesta segunda-feira (16), a Samarco afirmou que, diferentemente do que havia informado no dia 5 de novembro, quando disse que duas barragens entraram em colapso, a barragem do Fundão foi a única a se romper.
Segundo a mineradora, houve “galgamento” na barragem de Santarém, ou seja, ela transbordou com os rejeitos da barragem de Fundão, mas “o maciço remanescente está íntegro mesmo estando parcialmente erodido”.
O engenheiro especialista em barragens Joaquim Pimenta de Ávila explicou ao G1 que isto significa que Santarém está com capacidade menor de retenção porque está mais baixa. “Ela não se rompeu. Para falar que houve rompimento teria que ter levado tudo. Tem muito rejeito lá ainda. Está cheio de lama”, disse. O engenheiro falou que sobrevoou as barragens.
Nesta segunda-feira, a mineradora havia afirmado que uma intervenção definitiva para reparar os danos está na etapa de estudos de engenharia para escolha da melhor alternativa.
A terceira barragem do complexo, a Germano, tem trincas decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, conforme a Samarco. “A estrutura principal da barragem de Germano está preservada. As estruturas auxiliares e as trincas observadas, decorrentes do rebaixamento do reservatório de Fundão, estão sendo monitoradas de maneira intensa e permanente”.
Por G1/ Edição Folha