O descanso restaurador que só o sono é capaz de produzir tem sido cada vez mais sacrificado pelos brasileiros. Motivados por obrigações sociais e pressionados a dar conta de todas as tarefas diárias, eles estão indo para a cama cada vez mais tarde e dormindo cada vez menos.
Esse padrão de sono cada vez mais espremido entre os afazeres foi identificado por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
Eles coletaram dados de usuários de 20 países por meio de aplicativos de celulares e descobriram que, ao lado de países como Singapura e Japão, os brasileiros estão entre os povos que menos ficam na cama – em média, sete horas e 34 minutos.
O trabalho, publicado na revista científica “Science Advances”, recolheu ao todo dados sobre o sono de 8.000 pessoas. Essa amostra permitiu que os pesquisadores destrinchassem o material para entender como gênero, idade e fatores culturais influenciam esse comportamento.
Perceberam, por exemplo, que, em geral, os usuários mais velhos dormem menos do que os mais novos, e as mulheres dormem, em média, 30 minutos a mais do que os homens cada noite.
Outra conclusão do estudo foi a de que as pessoas que passam algum tempo sob o sol por dia tendem a ir para a cama mais cedo e a dormir mais do que aquelas que passam a maior parte do seu tempo na luz artificial.
E essa exposição é muito importante para o organismo, uma vez que o sono é conduzido por um relógio interno que codifica a nossa exposição à luz diária para regular várias funções do corpo.
O desequilíbrio está acontecendo, segundo os pesquisadores, porque os fatores culturais determinam a hora em que dormimos – quão tarde ou quão cedo vamos para a cama. Mas interferem pouco no horário de despertar, ainda fortemente influenciado pelo relógio biológico. E, no fim, é o horário em que você vai para cama que dita se você vai dormir muito ou pouco.
De acordo como professor de bioinformática e um dos autores do estudo, Daniel Forger, cada meia hora de sono faz uma grande diferença em termos de função cognitiva e saúde em longo prazo. “Um em cada três adultos não está cumprindo o mínimo recomendado de sete horas. A privação do sono aumenta o risco de obesidade, diabetes, pressão arterial alta, doença cardíaca, acidente vascular cerebral e estresse”, diz.
NÚMEROS
7h34 é a média de horas de sono do brasileiro.
30 min a mais, em média, as mulheres passam na cama.
7h é o mínimo de horas de sono.
Por O Tempo