Em meio ao cenário de epidemia do vírus Zika na América Latina e no Caribe, a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) anunciou esta semana que vai transferir ao Brasil a tecnologia necessária para esterilizar machos do mosquito Aedes aegypti em uma tentativa de controle populacional do vetor na região.
O doutor em radioentomologia pelo Centro de Energia Nuclear Aplicada à Agricultura da Universidade de São Paulo (USP) e diretor-presidente da Moscamed, Jair Virgínio, explicou que a chegada de um irradiador gama de cobalto-60 vai permitir à biofábrica a produção de até 12 milhões de machos estéreis do Aedes aegypti por semana.
A expectativa é que a produção em larga escala de machos estéreis seja iniciada até setembro. Já a liberação dos mosquitos está prevista para começar até o final do ano – inicialmente, em municípios com até 30 mil habitantes.
Segundo ele, a técnica a ser usada se assemelha a uma espécie de controle de natalidade do mosquito.
"É sempre bom lembrar que o macho não pica as pessoas. Ele se alimenta de substâncias açucaradas, como néctar e seiva. É a fêmea quem precisa de sangue para maturar os ovos e colocá-los. E a fêmea do Aedes copula uma única vez na vida", esclarece Jair Virgínio.
Segundo o diretor, a liberação desses mosquitos será semanal, sendo que, a cada sete dias, será liberada exatamente a mesma quantidade.
“Vamos usar como exemplo a proporção de dez machos estéreis para cada macho selvagem. Estamos promovendo uma concorrência desleal, fazendo com que a probabilidade de cruzamento com um macho estéril seja dez vezes maior que com um macho selvagem. Na semana seguinte, a mesma quantidade de insetos é liberada. A concorrência, agora, será de 20 para um. Desta forma, a possibilidade de acasalamento entre um macho selvagem e uma fêmea selvagem vai diminuindo em escala exponencial. Em cinco gerações, não havendo novas infestações, atingiríamos zero população selvagem naquela localidade”, explica.
Agência Brasil