Com quase 5 mil habitantes, Paulistas fechou no fim do ano passado um convênio de R$ 4,2 milhões com o Ministério da Integração Nacional para a recuperação de pontes que teriam sido destruídas pelas chuvas de 2011. Desde 29 de janeiro, metade desse valor já está em uma conta da prefeitura, que forjou um processo licitatório para a realização das obras.
Na pressa, a prefeitura confundiu os carimbos e o papel timbrado dos participantes do processo licitatório, elaborou documentos idênticos com os mesmos erros de português para construtoras concorrentes e localizadas em cidades distantes umas das outras e errou os nomes dos representantes das empresas.
Entre as pontes a serem refeitas foi incluída uma que foi reconstruída no ano passado pela prefeitura da vizinha Materlândia, no Córrego dos Valérios, na divisa das duas cidades. Entre os participantes dessa concorrência estão alguns dos denunciados pela Operação João-de-Barro, que desbaratou um esquema de fraude envolvendo emendas parlamentares para realização de pequenas obras em prefeituras de diversas cidades do Brasil, principalmente Minas Gerais.
O dinheiro liberado pelo Ministério da Integração Nacional é para a reconstrução de 14 pontes, mas só quatro começaram a ser feitas. As obras contrastam com a péssima qualidade das estradas de terra da Zona Rural de Paulistas, intransitáveis durante o período de chuvas . Segundo moradores e operários, as obras são tocadas por duas empresas, uma de Governador Valadares e uma Guanhães.
A ponte que vai ser feita duas vezes, pelo menos no papel, foi erguida em dois meses, com recursos da Prefeitura de Materlândia, pelos próprios moradores do povoado de Valérios, que dá nome ao córrego que corta o lugarejo. Eles foram contratados pelo responsável pela obra, conhecido como Hélio, que pagava R$ 30 por dia de trabalho.
Festa na inauguração
A ponte de Valérios foi inaugurada pela Prefeitura de Materlândia em 10 de outubro de 2012, mas a contratação da empresa para sua realização foi assinada depois, em 19 de novembro. Todos os recursos saíram dos cofres do município, que alega ter contratado por R$ 35 mil uma empreiteira para fornecer somente a mão de obra.
O material seria dividido entre Materlândia e Paulistas, já que a ponte divide a nona rural dos dois municípios. No entanto, na licitação de Paulistas a Ponte de Valérios, de 20 metros de distância, vai custar R$ 568 mil e o custo não será dividido com a cidade vizinha. Essa é a mais cara das 14 pontes que o município alega que serão construídas.
Na data da inauguração da obra teve festa no povoado de Valérios com a presença do prefeito de Paulistas, Leandro Barroso (PSDB), e do de Materlândia, Marques Serafim de Pinho. Na cabeceira da ponte foi cravada uma placa, posteriormente arrancada por servidores da prefeitura de Paulistas, segundo relato dos moradores de Valérios.
O Ministério da Integração Nacional informou que o dinheiro para Paulistas foi liberado após aprovação do plano de trabalho apresentado pelo município e que a segunda parcela da verba só vai ser liberada depois da fiscalização da primeira etapa das obras.
O prefeito de Paulistas não foi localizado na prefeitura nem retornou o pedido de entrevista deixado em seu gabinete.
Com Portal UAI- Jornal Estado de Minas