Está insatisfeito com o trabalho e anda estressado por motivos pessoais, como problemas familiares ou financeiro? Cuidado! Há fortes chances de ambos o levarem ao consumo de álcool, segundo pesquisa canadense realizada pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa).

De acordo com o estudo, para os 10.155 trabalhadores entrevistados, o cargo que ocupam na empresa é um dos principais fatores que influenciam uso e abuso de álcool. Quanto ao incentivo ao consumo, a maioria garante que o posto profissional é mais significativo do que as condições de trabalho. Apesar de o levantamento ter sido realizado na América do Norte, essa também é uma realidade brasileira.

Segundo a psicóloga e professora da PUC Minas, Paula de Paula, o consumo não se limita ao álcool. O uso de substâncias ilícitas também é muito comum nesse grupo de “insatisfeitos”. “A pressão diária pode fazer com que o profissional opte pelo desvio. Quanto maior a cobrança no trabalho, maior o estresse e, possivelmente, o consumo”, avalia Paula, alertando sobre a subjetividade da análise: “Não podemos generalizar. Se essa análise fosse regra, todos os diretores de empresas seriam dependentes químicos. E isso não é verdade”.

Perfil

Em relação ao cargo de chefia, a psicóloga e consultora organizacional Fáthima Abreu explica que muitas vezes as pessoas são promovidas no trabalho somente pelo conhecimento técnico, o que não assegura cargo de líder. Às vezes, elas estão na liderança, mas não têm o perfil que suporta pressão. “Sem essas habilidades específicas para ocupar o cargo, a pessoa pode procurar uma válvula de escape, como o álcool”, analisa.

Para Paula de Paula, algumas profissões registram alto índice de consumo que podem influenciar no uso de bebidas, como as que exercem muita pressão sobre os profissionais. Mas, em nenhum momento, é o único motivador. Em alguns casos, a pessoa tem predisposição ou está com estresse. “É uma pessoa que apresenta vulnerabilidade. O problema não é o álcool e, sim, a maneira com que ela se relaciona com a bebida alcoólica”, explica.

De acordo com a professora, há profissões que realmente são mais suscetíveis que outras e, em alguns casos, elas são escolhidas pelos profissionais por essa vulnerabilidade.