Com o aumento dos casos graves de dengue, zika e chikungunya, o governo de Minas prometeu R$ 36 milhões aos municípios mais afetados para combater o mosquito Aedes Aegypti. O anúncio foi feito pelo secretário de Estado de Saúde, Fausto Pereira dos Santos, em seminário da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Minas) sobre o fortalecimento do SUS na vigilância e atenção à saúde.
Dividido em cotas iguais, serão R$ 529,4 mil para cada uma das 68 prefeituras citadas no último Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), que indica 64 cidades em situação de alerta (índice igual ou superior a 1% e até 3,9%) e quatro em risco de surto (acima de 4%).
O valor, no entanto, pode ser insuficiente. Em uma cidade do porte de Betim, por exemplo, que tem 412 mil habitantes, apenas para manter 160 agentes de combate às endemias, que vistoriam 20 imóveis por dia, a prefeitura gasta R$ 320 mil por mês. Não estão incluídos outros custos, como com transporte e equipamentos. O município da Região Metropolitana de BH não aparece entre os mais afetados.
O reforço no caixa vem no momento em que as doenças causadas pelo Aedes aegypti assombram o país. Um das mais graves é a microcefalia em recém-nascidos, causada pelo zika vírus.
Em Minas, 33 casos da má-formação do cérebro dos bebês podem estar relacionados com o zika, de acordo com o último informe epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado ontem. O número, relacionado aos registros em investigação até 12 de dezembro, não foi confirmado pelo governo do Estado, que até o dia 10 notificou 29 casos.
Saúde
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, José Agenor Álvares, admitiu a omissão do poder público no controle do mosquito. “Desde os anos 80 há um alerta sobre o Aedes aegypti, que não é novidade, mas o Estado brasileiro foi omisso e não tomou a tempo as devidas providências”.
Segundo ele, a descontinuidade das ações levou ao risco de surto das doenças, o que reforça a necessidade de uma mobilização imediata de todos. Para Álvares, a reação ao Aedes aegypti tem característica diferente de anos anteriores.
“O Estado brasileiro foi incompetente e omisso na luta contra esse mal. Errou ao achar que o mosquito é de responsabilidade apenas do setor de saúde. A diferença hoje é o Estado assumir a responsabilidade que nunca tinha assumido. Precisou vir a microcefalia para isso acontecer”.
Ele destacou que o controle do mosquito também depende da população. “Não podemos transferir responsabilidades. Temos de buscar o engajamento da sociedade civil desorganizada. Nunca tivemos a capacidade de fazer essa mobilização. A população só vai se engajar se o governo der o exemplo”.
Álvares adiantou que o governo federal vai coordenar um mutirão em todo o país para fazer o controle do mosquito, mas não informou quanto será investido. “Não vai faltar recurso federal”, garantiu.
Por Hoje em Dia/Edição Folha