Todo mundo sabe de cor sua lista de medicamentos isentos de prescrição: tem aquele para dor de cabeça, o que alivia a dor muscular e os que servem para a queimação no estômago.
A busca por essas drogas só vem crescendo no país – e há a expectativa de que aumente ainda mais, com uma nova regra da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em vista.
De 2014 para 2015, o consumo dos remédios conhecidos como OTC (Over The Counter, que significa “em cima do balcão”, ou seja, sem o intermédio de um farmacêutico) subiu 14%. Em anos anteriores, o crescimento também superou dois dígitos.
Caso a Anvisa aprove uma nova regra que facilite a
transformação de medicamentos tarja vermelha (que precisam de receita médica) em OTCs, essa fatia pode aumentar mais, segundo Jonas Marques, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip) – ainda que muitas drogas de tarja vermelha já sejam vendidas na prática sem receita.
A nova resolução pode ainda acelerar a entrada de novos medicamentos sem prescrição no mercado, já que ela prevê a aprovação do princípio ativo – desse modo, não seria necessário que cada fabricante entrasse com um pedido diferente.
Um candidato a mudar de categoria para OTC é o Omeprazol, medicamento bastante utilizado para desconfortos estomacais. No entanto, seu uso prolongado pode causar o chamado efeito rebote: quando é interrompido, os sintomas voltam agravados.
Além disso, alguns analgésicos e anti-inflamatórios podem causar alergias, sangramentos (especialmente em hipertensos) e trazer prejuízos à saúde de pacientes renais, com problemas de fígado e diabéticos.
“Se o médico receitou, a pessoa pode usar. Mas é fundamental se consultar de tempos em tempos para garantir que os medicamentos sem prescrição que são usados regularmente podem ser ingeridos sem risco”, diz Antonio Carlos Lopes, professor da Unifesp e presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.
O crescimento do mercado dos OTCs, avalia Lopes, aconteceu por causa de uma deterioração do sistema de saúde – não há médicos para atender todos. Já a indústria defende a ideia de “autocuidado”, segundo a qual o paciente, conhecendo o próprio corpo, seria capaz de tomar decisões como a de escolher um analgésico.
Por O Tempo
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