Cidadã recorreu à justiça e começa a trabalhar nesta sexta; SRE afirma que tem buscando a melhor alternativa, baseada na legislação, para ajudá-la
Na noite dessa quarta-feira (24), o Jornal O Tempo publicou uma matéria, que ganhou repercussão: o caso da pedagoga de Guanhães, Hévila Christie Pereira Santos, 30, que é deficiente visual e passou em primeiro lugar em um concurso público do Estado, há dois anos.
Segundo o jornal, a pedagoga passou em primeiro lugar em concurso público, mas foi considerada inapta por escola para exercer a função pela direção da Estadual Padre Café. No dia 28 de maio, ela obteve um mandado de segurança e provavelmente, deve começar a trabalhar a partir desta sexta.
Na publicação, o jornal expos o desabado da profissional. “Eles querem que eu desista. Ficam me coagindo, falando que o Estado não pode se responsabilizar por mim. Disseram que eu até poderia passar o conteúdo, mas não tinha condição de cuidar de criança. Minha irmã estava comigo e viu como aquilo era humilhante”.
Hévila também contou ao jornal que se reuniu, na última segunda-feira (22), com a diretoria da Superintendência Regional de Ensino em Guanhães. “Eles me apresentaram uma ata para que eu assinasse, abrindo mão dos meus direitos. Eu me recusei a assinar. Eles ficam tentando me desacreditar, colocando empecilhos para que eu desista da vaga. Falam que se eu cair ou acontecer alguma coisa comigo na escola vai ser acidente de trabalho e isso vai gerar problema”.
A pedagoga ainda afirmou que poderia receber o apoio de um auxiliar para atuar em sala de aula. “Meu marido até se ofereceu para ficar comigo na escola, mas eles não aceitaram. Existem também programas de estágios lá. Um dos estagiários poderiam dar auxílio”, ponderou a pedagoga, que perdeu a visão aos 4 anos de idade, devido a complicações de um artrite reumatóide juvenil.
O Tempo, também emitiu a resposta dada à reportagem pela Secretaria de Estado de Educação, que informou que “está trabalhando para encontrar uma solução para o caso de forma que a professora tenha o suporte necessário para que possa atuar plenamente em sala de aula”.
Em busca de respostas
Na manhã desta quinta-feira (25), a reportagem da Folha entrou em contanto com a Superintendência Regional de Ensino de Guanhães (SRE), responsável pelas escolas estaduais da cidade, em busca de respostas pelo ocorrido.
Segundo informações da diretora educacional, Erlane Paula Santos Pereira, assim como qualquer outro profissional, a pedagoga passou por uma perícia, que a considerou inapta a lecionar para crianças dos anos iniciais, e não a escola, como foi mencionada na matéria, já que a escola não tem essa função.
A diretora educacional esclareceu ainda que a SRE tem feito o possível para ajudá-la e agir conforme a legislação em busca da melhor alternativa para atender ao seu pedido. “Ela recorreu à justiça, que deu a ela o direito de lecionar, sendo assim ela tomou posse há cerca de 30 dias e decidiu prorrogar o exercício aguardando a resposta de uma solicitação de um profissional de apoio, feito à Secretaria Estadual de Educação (SEE)”.
E completou: “o que está em discussão é a solicitação do profissional, e não o seu direito de lecionar, que já foi garantido pela justiça. As alternativas legais para a realização deste pedido já estão sendo providenciada pela SEE”.
Ainda de acordo com Erlane, a pedido da SRE, Hévila tem visitado a escola. Nessa quarta-feira (23), ela esteve lá para conhecer seu novo ambiente de trabalho. “A escola está de portas abertas, assim que a SEE tiver a solução da solicitação do profissional de apoio, iremos comunicar a ela”, finalizou.
Por Folha com informações O Tempo
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