Com ajuda dos netos e enfrentando bastante dificuldade para andar, o aposentado, José Afonso Fernandes, de 82 anos, saiu da cidade de Itamaradiba acompanhado da família para pagar uma promessa feita ao Servo de Deus. “Fiz uma cirurgia de alto risco, fiquei 19 dias internado no CTI, com poucas possibilidades de sobreviver. Fizeram uma promessa em que se eu saísse com vida do hospital estaria aqui hoje para agradecer”, declarou o Sr. José Afonso.
No meio da multidão, uma jovem chamou atenção, por estar com os pés descalços sobre o asfalto, onde a temperatura chegava a quase 35ºC. “Isso não é nada em vista do que o Cônego Lafayette fez por mim. Estava grávida de 7 meses e fui levada às pressas para o hospital com pré-eclampsia, minha pressão arterial era altíssima e corria risco de morrer a qualquer momento. Infelizmente meu bebê não sobreviveu, mas eu sim, e sou grata”, se emocionou a suaçuiense, Liliane Teixeira da Silva, de 30 anos.
A fé que prospera
Medalhas, quadros, camisas e os mais variados artigos religiosos puderam ser adquiridos na festa, sem contar com os produtos alimentícios como: churrasco, marmitex, sorvete, entre outros, que ajudaram na alimentação de milhares de fiéis.
Para estampar as paredes das casas dos devotos, Célio Aparecido, de Itamarandiba, ofereceu nos valores de R$ 20,00 e R$ 25,00, quadros com a imagem do Servo de Deus, Cônego Lafayette. “Sempre venho e consigo vender bastante”, informou. Já o ambulante que carrega o nome do bem feitor, Sidney Lafayette, conseguiu despachar 400 camisas. “É provável que eu não tenha mais produtos até a missa da noite”.
Pedro Simões Filho saiu de madrugada da capital mineira, para vender sorvetes e picolés. “Não vou informar valores, mas dá um dinheirinho legal, compensa o sacrifício”, declarou o ambulante.
Autoridades falam da importância da festa
O prefeito do município, Roberto Byrro, se orgulha em dizer que foi crismado pelo Servo de Deus, Cônego Lafayette. “Estamos vivendo um momento especial em Santa Maria do Suaçuí, onde comemoramos a passagem da vida material para a vida espiritual dele, que representa muito, não só para a cidade, mas para toda região”, contou com alegria, Byrro.
Segundo o prefeito, a novidade neste ano foi a criação do caminho da fé, que consiste nos três morros que convergem para o santuário. “Foi feito um trabalho maravilhoso de paisagismo, com vários escritos bíblicos, que estão mostrando que é o caminho realmente da fé. Ficou muito bonito!” enfatizou.
Para realização da solenidade foi feito um trabalho conjunto entre comércios da cidade, Prefeitura e Câmara. “Temos andado muito afinados com a Câmara, que está merecendo elogios. O pessoal é muito dedicado e quer a melhoria do município. Quero aproveitar o momento para agradecê-los, houve sacrifício de muitos, os padres tem agradecido e eu também não posso ficar sem agradecer”, acrescenta Byrro.
O deputado Mauro Lopes prestigiou a celebração e disse ter ficado perplexo ao ver tanta gente. “Sobrevoei Santa Maria do Suaçuí e estou impressionado com a quantidade de pessoas, o município está tomado por uma multidão que eu jamais vi em cidade do interior”, completou dizendo ainda que Byrro tem desempenhado um brilhante trabalho na administração.
Filho do Serro, mas pároco em Santa Maria do Suaçuí
O Servo de Deus, Cônego Lafayete da Costa Coelho, nasceu no município de Serro, em 10 de novembro de 1886, porém, exerceu seu ministério sacerdotal na Paróquia de Santa Maria do Suaçuí durante 44 anos. Morreu em 21 de setembro de 1961.
Dom Jeremias Antônio de Jesus, Bispo da Diocese de Guanhães, explicou que para chegar ao estágio de Servo de Deus, pela igreja católica é necessária a comprovação de algumas graças alcançadas, cientificamente comprovadas. “Se confirmado mais um milagre, ele deixa de ser Servo de Deus e poderá ser beatificado, tornando-se Beato. Este é o segundo momento do processo”, esclareceu. Dom Jeremias comentou ainda que depois da beatificação o processo caminha para canonização: “mas um milagre precisa ser reconhecido cientificamente. Neste caso, ele é oficialmente santo e ocupa as orlas dos altares”, finalizou o bispo de Guanhães.
Os devotos puderam fazer orações perante o túmulo do Servo de Deus, deixar seus objetos, se confessar com os padres e entoar louvores e cânticos a ele, em missas solenes durante todo o dia.