“Eu passei por tudo isso, uma humilhação sem tamanho”, desabafa a guanhanense Maria Helena Ferreira de Miranda, ao comentar sobre a matéria divulgada ontem no Jornal Nacional (Globo), contando o drama do artista plástico baiano Menelaw Sete, que foi impedido de seguir viagem com destino a Milão, na Itália, pelo setor de imigração da Espanha.
A viagem tão sonhada que era para ser motivo de alegria acabou virando decepção para a agente rodoviária. Maria Helena saiu na madrugada de quinta-feira (17) do Rio de Janeiro com destino a Veneza, na Itália, onde programou passar três meses a convite de uma amiga que é cidadã italiana e que há 20 anos mora na cidade. Mas os planos se viram distantes, quando ao desembarcar em Madrid na sexta (18), por volta 10h, foi barrada antes da conexão para pegar o vôo com destino a Veneza. (Fotos: Nara Generoso)
O vôo para Veneza estava marcado para 16h
“Me fizeram vários questionamentos como o local para onde iria e o que faria; sem falar que fui obrigada a informar o valor em dinheiro que eu possuía e contar nota por nota na frente deles”, comentou sobre sua passagem no setor de imigração.
Depois de responder aos questionamentos, Maria Helena conta que foi informada de que teria que aguardar uma vistoria de seus pertences, que foram levados por funcionários da imigração. "A gente é tratado como se fosse bandido, me revistaram e não deixaram ficar com nada. Se eu quisesse comunicar com minha família teria que pagar para usar o telefone”, lembra.
A agente observou que todo o diálogo dos funcionários da imigração acontecia em espanhol, e que só na hora da entrevista apareceu uma brasileira. “Não tinha motivos para eu estar ali, porque meu destino era Veneza. Apresentei a carta convite com todos os dados e contatos da minha amiga, mostrei tudo, mas eles alegaram que eu tinha pouco dinheiro e que a carta não era carimbada. Parece que para eles, a minha intenção era morar na Espanha”, avalia e ainda afirma que até agora não sabe o motivo porque foi deportada.
Indignada, Maria Helena conta sobre o retorno ao Brasil. “Após o interrogatório, eles me entregaram um documento informando que eu iria voltar para o Brasil, sem nenhuma chance de me defender. Eu, outra brasileira de São Paulo e demais pessoas que foram detidas, dormimos em um alojamento da Polícia, uma verdadeira prisão. Por volta das 12h30 do dia seguinte, mais uma humilhação, fomos escoltados como marginais pelos policiais até entrarmos no avião”, desabafa e lamenta que o Consulado Brasileiro nada fez pra ajudá-la.
De volta a Guanhães e depois de tanto nervosismo e medo, Maria Helena contabilizou o prejuízo já que comprou novas passagens, desta vez sem escala, vôo direto: São Paulo– Roma. “Com a nova aquisição o custo já é de mais de R$ 6.000, valor que pretendo exigir de reembolso”, ressaltou a agente que parte nesta quinta (24) para a capital paulista.
Com a ajuda da amiga, a guanhanense informou que vai entrar com uma ação na Justiça Italiana e reivindicar por todas as despesas e pelo sofrimento que passou. “Madrid, nunca mais”, finalizou.