‘1ª Caminhada da Promoção da Igualdade Racial’ promovida pela Secretaria de Estado da Educação mobilizou mais de 80 mil estudantes em todo o Estado
Diversas cidades de todo o estado de Minas Gerais realizaram a 1ª Caminhada da Promoção da Igualdade Racial, organizada pela Secretaria de Estado da Educação (SEE) em parceria com as 47 superintendências regionais de ensino.
O evento, que foi uma iniciativa inédita da SEE, mobilizou mais de 80 mil estudantes e centenas de profissionais da educação. A caminhada aconteceu simultaneamente na manhã desta sexta, das 08h às 11h e reuniu mais de 800 escolas em todo o estado.
Em Guanhães não foi diferente. Com grande adesão, inúmeras escolas pertencentes à Superintendência Regional de Ensino de Guanhães, participaram da passeata.
De acordo a superintende da SRE-Guanhães, Herlane Paula Santos Pereira, o evento foi o ‘fechar de um ciclo’ que foi iniciado ainda no mês de fevereiro pelas escolas da cidade. “Quando o projeto foi proposto no início deste ano e apresentamos para as escolas, a adesão foi grande. Todos queriam participar”, afirmou.
A superintendente conta que a luta pela afirmação dos movimentos negros deve continuar. “O dia 20 de novembro é uma data simbólica, que nos remete aos movimentos negros, a consciência negra, mas a ação não deve ficar presa apenas neste dia. Ela deve ser diária e constante. Nós temos que perceber que os negros são parte integrante da nossa história”, ressaltou.
De acordo com Herlane Paula, participaram da caminhada em Guanhães, escolas dos distritos do Taquaral, Farias e Correntinho, e das cidades de Peçanha, São João Evangelista, Sabinópolis, Santa Maria do Suaçuí e Carmésia.
E especialmente de Carmésia para Guanhães, vieram e participaram da caminhada, estudantes da Escola Estadual Professora Margareth Barroso Pinto, uma escola quilombola.
Para a supervisora e representante desta escola, Juliana de Araújo Pereira Pires, a questão da discussão da consciência negra ainda gera polêmica na sociedade atual. “Isso não deveria acontecer. O mais importante é que todos se conscientizem e que possamos ver que pessoas de pele branca ou negra são todas iguais”, enfatizou.
A representante conta ainda que o interesse dos estudantes quanto ao tema foi essencial. “A escola faz parte de uma comunidade quilombola e isso torna a nossa participação mais que especial e representativa”, afirma Juliana, que conta ainda: “o interesse foi grande e todos os alunos queriam participar, mas infelizmente não foi possível. Trouxemos os alunos do Ensino Médio, principalmente porque a Consciência Negra é tema e estudo dos mesmos”.
Juliana finaliza deixando uma mensagem de esperança. “Nos dias de hoje, temos a esperança de que a igualdade racial está mais perto do que nunca. A cada luta, a cada conquista, podemos ver que esse objetivo não está longe. E esperamos contar com a ajuda de toda a sociedade”.
Em Guanhães, a caminhada que saiu da Praça Néria Coelho Guimarães e percorreu a Rua Dr . Odilon Behrens e a Avenida Milton Campos, atraiu a atenção dos populares e comerciantes que se encontravam no local.
Os estudantes apresentaram o seu repúdio quanto ao preconceito e deram um show de cidadania para todos os guanhanenses, ao levarem cartezas e faixas com os dizeres: ‘De mão dadas contra o preconceito’; ‘É hora de transformar’; ‘Respeito não tem cor. Tem consciência’, entre muitos outros.
Quem também se destacou, foi a estudante do 9° ano, Paloma Cristina dos Reis Almeida, que veio da cidade de Santa Maria do Suaçuí, recitar a poesia ‘Deus Negro’ do poeta Neimar de Barros, arrancando aplausos e sorrisos dos presentes que se aglomeravam em cada cantinho da Praça JK.
Outros estudantes também deram um show de criatividade com apresentações de capoeira, danças e pantomima (teatro gestual que faz o menor uso possível de palavras e o maior uso de gestos através da mímica).
Dia da Consciência Negra
O Dia da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares. Ele foi o último líder do maior dos quilombos do período colonial, o Quilombo dos Palmares.
Comemorado há mais de 30 anos por ativistas do movimento negro, a data foi incluída em 2003 no calendário escolar nacional. Contudo, somente a Lei 12.519 de 2011 instituiu oficialmente o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
Por Folha com colaboração estagiário Diego Rafael