Especial Dia Internacional da Mulher*
Celma, mulher movida pelo trabalho árduo e pela fé
Celma é uma mulher que luta muito para conquistar seu maior sonho: concluir a obra do Centro de Recuperação para Dependentes Químicos que ela e seu marido constroem, dia após dia, com muito suor e esforço físico, no fundo de casa, no biarro Agroder, aqui em Guanhães.
Força! Força física mesmo. Celma, uma mulher magra e delicada, faz cimento, coloca piso, bate lage, pega na enxada e cava, faz escada, assenta azulejo, faz sapata e tudo mais que for necessário.
Preguiça? Nenhuma. Obstáculos: Nenhum. Combustível: Muita Fé em Deus.
Mesmo longe de concluir a construção do Centro, Celma já abrigou em sua própria casa alguns dependentes químicos que foram pedir ajuda ao casal e que lá encontraram a força e equilíbrio para a recuperação.
“Temos que ajudar a todos que precisam e estejam dispostos a aceitar ajuda pela fé”, comentou.
Celma é uma mulher criada na Fé, filha de pais evangélicos e esposa de José dos Passos, pastor do templo que o casal também constrói na frente da casa. Tiveram três filhos, hoje adultos, mas que, quando crianças, passaram por grandes momentos de provação junto aos pais.
Quando chegaram a Guanhães, vindos de Caratinga, sem nenhum dinheiro e lugar para ficar, mudança acontecida pela ordenança de Pastores, e com um filho pequeno, passaram fome. “Morávamos de favor e esqueci o que era tomar água”, desabafou.
Celma afirma que sofreu muito preconceito por parte da comunidade. Afinal é uma mulher, evangélica, pobre e com o sonho de construir um templo e um Centro de Recuperação, sem nenhum dinheiro.
“Quando passavam na rua e me viam de enxada na mão num terreno enorme, sem dinheiro para construir, riam muito. E isso me deixava muito triste, mas nunca desanimada”, explicou.
O marido José define sua esposa: “se não fosse minha esposa, mulher de muita oração, dedicação, companheirismo e Fé; se não fosse tê-la ao meu lado, não sei o que teria sido de mim”, declara. João é ex-dependente químico e encontrou na Fé e em sua companheira motivos para ter força e superar o vício.
Celma tem como seu maior prazer trabalhar na casa de Deus, por isso mora entre o templo e a construção do Centro de Recuperação, em um terreno comprado com muito trabalho e doação de amigos.
A decisão de comprar tal terreno, sem condições financeiras, veio através de mais uma orientação divina, através de suas orações, onde pedia muito para conseguir superar os problemas e para que lhe fosse mostrado o caminho a seguir.
“Meu maior prazer é viver de acordo com as orientações de Deus, pois é Ele que opera o milagre em nossas vidas”, disse Celma.
Com a melhoria das condições financeiras do casal, que fabricavam tapetes e começaram a fazer salgados para fora, e também com as contínuas doações, as obras de construção do Centro começaram há quatro anos e continuam, dia após dia.
“Uma superação diária e uma tarefa muito árdua, mas sempre com muita Fé vamos alcançando, aos poucos nosso objetivo”, afirmou a mulher guerreira.
Os salgados de Celma são hoje conhecidos e desejados por toda a cidade. E é com essa produção, cujo lucro é totalmente revertido para a construção do Centro de Recuperação de Dependentes Químicos, que a mulher tão aguerrida luta por seu grande sonho.
Hoje, Celma é respeitada pela comunidade. As paredes do Centro já estão de pé. O Templo já se encontra de portas abertas para quem quiser frequentar e orar. O caminho ainda é longo, mas a Fé, a esperança e a caridade são os alicerces de tudo isso. Uma mulher simples, mas forte e guerreira, com uma grande missão que está sendo cumprida. Essa é Celma.
O Centro de Recuperação será constituído de recepção, sala de acolhimento, cozinha, refeitório e dois pavimentos, masculino e feminino, separadamente, assim como os banheiros. O casal pretende, ainda, construir uma sala para atendimento psicológico.
Por Folha
Fotos: Arquivo pessoal e Nara Generoso