GUANHÃES – Quatro meses de espera e nenhuma repostas. É com esse impasse que vive o cidadão aposentado José Maria Ferreira, de 54 anos. Portador de uma doença crônica na bacia, ouviu dos médicos que somente os remédios do tratamento não são mais eficientes, e que precisa com urgência de uma cirurgia.
A questão é que o processo cirúrgico é de alta complexidade e o aposentado depende de uma vaga pelo SUS em um hospital de Belo Horizonte, onde existe toda a aparelhagem e especialistas necessários. E mesmo com o laudo médico indicando urgência, senhor José Maria ainda espera em casa. “Estou ficando mais em casa e na cadeira de rodas, se eu andar, minhas pernas incham e doem muito. Não posso fazer um passeio, sair pra nada, já consigo nem mais dirigir. Estou totalmente impossibilitado e dependente”, conta.
Cansado de esperar pela Secretaria Municipal de Saúde, o aposentado decidiu entrar com uma ação na Promotoria de Justiça apresentando os exames e laudos que comprovam a urgência. “A Secretaria agendou pra mim em um hospital de Belo Horizonte, mas voltei, porque lá não é o hospital adequado e me indicaram outro. Como o município não me respondia nada, o jeito foi apresentar meu caso à justiça”, conta senhor José Maria.
Segundo informou a Promotoria de Justiça, um ofício foi emitido no dia 27 de agosto e encaminhado ao município com prazo de dez dias para responder. Segundo o Secretário Municipal de Saúde, Gabriel Generoso, no dia 31 foi enviada a resposta que, infelizmente, não era a esperada pelo paciente. “Agora virou uma questão do estado. O que o município poderia fazer, esta feito. Agora esse paciente está no núcleo aguardando a vaga pela central”, esclarece.
Com a resposta, a Promotoria de Justiça irá agora analisar se será necessário senhor José Maria contratar um advogado para entrar com a ação.
Senhor José Maria é um dos milhares de brasileiros que ficam engessados ao Sistema Único de Saúde – SUS. Em sete anos, Minas Gerais perdeu 6 mil leitos de internação em hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o estado é o quinto do país que mais perdeu vagas entre 2005 e 2012. Levantamento realizado pelo órgão mostra que havia 37.801 leitos em 2005. Agora, são 31.641, o que representa uma queda de 16,3%. O estudo também aponta as especialidades mais afetadas: pediatria, psiquiatria, clínica geral e obstetrícia. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas (CRM), João Batista Gomes Soares, no mesmo período, 111 hospitais foram fechados no estado.
Por Samira Cunha