Apesar de anunciar, em seu discurso de posse, a intenção de transformar o país em uma “pátria educadora”, os cortes orçamentários da presidente Dilma Rousseff têm afetado principalmente o Ministério da Educação.
Somente na previsão de gastos para os primeiros quatro meses, a redução foi de R$ 14 bilhões. Além do aperto fiscal determinado às universidades, já houve cortes nas bolsas para jovens cientistas, atrasos no custeio do Programa Nacional do Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e congelamento das verbas destinadas ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Na avaliação do cientista político Rudá Ricci, o descompasso entre o discurso e as ações faz com que a presidente perca credibilidade.
O programa Jovens Talentos da Ciência sofreu um corte de 65% no número de bolsas, de 11 mil para pouco menos de 4.000. No Pronatec, os pagamentos estão atrasados, e o início das aulas passou de abril para junho.
Com o congelamento do Fies, alguns alunos podem ter que atrasar matérias ou arcar com custos que ultrapassarem os valores do último semestre.
Em parte, o arrocho é provocado por causa da demora na aprovação do orçamento da União, fruto de uma dificuldade de negociação do Planalto no Congresso desde o fim das eleições. No entanto, esse contingenciamento de 33% pode virar um corte, em definitivo, mesmo que em um percentual menor.
Na avaliação do cientista político Rudá Ricci, o corte vai na contramão do que Dilma defendeu durante a campanha e coloca a presidente em dificuldade com as bases do PT.
“A credibilidade já acabou e dificilmente ela recupera. Nesse momento ela quer acalmar o mercado com o ajuste fiscal. Mas acontece que a presidente não conseguiu atrair a confiança do mercado e, com os cortes sociais, como o da educação, gerou insatisfação nas bases do PT e perdeu o controle sobre o PMDB”, afirmou Ricci.
Ele destaca que durante a campanha Dilma frisou que não tomaria medidas impopulares, mas está tomando ações mais radicais que as criticadas durante o pleito.
Pronatec
Datas. O MEC informou que haverá oferta de aulas do Pronatec ainda neste semestre. Com início previsto para abril, as aulas agora vão começar em 17 de junho e 17 de julho.
Saiba mais
Verbas. No ano passado, o Ministério da Educação enviou às universidades federais R$ 8,6 bilhões para custeio de despesas e investimentos. Na proposta da Lei Orçamentária Anual (LOA) 2015, estão previstos R$ 9,5 bilhões para os Institutos Federais de Ensino Superior (Ifes).
Relembre. Em 2002, quando a UFMG passou por crise financeira e deixou de pagar as contas de água e luz, Copasa e Cemig fizeram acordo de não interromper o fornecimento. Procuradas, as duas empresas informaram que não vão se pronunciar sobre o assunto nem o valor das contas da UFMG.
Por O Tempo
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